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(33) Hamnet por Maggie O’Farrell

A leitura é um instrumento profundo de aprendizagem não apenas de informações objetivas do mundo, mas também subjetivas. Para ambos, a literatura utiliza, para além das descrições, personagens, que graças às personalidades criadas por seus autores, nos sensibilizam para as situações e, portanto, aumentam nossas chances de aprendizagem por sua capacidade de nos emocionar.

Isabel Allende fez isso em “A casa dos espíritos”, vivemos com Clara os horrores da Ditadura de Pinochet. Ao sermos profundamente cativados por sua bondade e sabedoria, conseguimos sentir com ela a vivência de uma situação histórica tão tipicamente latino-americano e melhor compreendê-la.

Confesso que faz muito tempo que espero rever na literatura uma personagem com a potência de Clara e, finalmente, encontrei Agnes no livro “Hamnet” de Maggie O”Farrell. Não lembro como cheguei na história: uma recomendação do Kindle, uma postagem no instagram da @Intrinseca. Só sei que sou grata a um algoritmo.

Hamnet, nome do filho de William Shakespeare e título do livro, acompanha vários momentos da vida do mais influente dramaturgo de todos os tempos. O conhecimento que temos de sua obra é proporcional ao desconhecimento que temos de sua vida. Uma ausência de informações sobre fatos compensada pela criatividade de escritores que utilizam a figura de Shakespeare como inspiração. Hamnet é fruto de uma dessas compensações, mas é também, mais do que isso.

A vida de Shakespeare é retratada por O’Farrell pela descrição da vida de Agnes, esposa do dramaturgo, em um enredo permeado por afetos. A maior parte do livro é dedicada à Agnes. O divisor de águas é a morte de Hamnet, criança doce, inteligente e sensível. Dispensável dizer, mas direi, a descrição de sua morte é aterradora.  

O último quarto do livro descreve o luto, a vida dominada pela ausência. Apenas nas páginas finais Shakespeare em si ganha mais espaço na descrição da encenação de Hamlet, primeira tragédia escrita pelo autor que, até então, apenas tinha escrito comédias. Uma guinada atribuída ao luto pelo filho e descrita por O’Farrell com suspense e emoção pelos olhos de Agnes. Ao terminar a leitura, fechei o livro e disse em voz alta, falando sozinha: “Que história!” Assim, #LeiaMulheres, leia #MaggieO’Farrell e #Vemserrendeira.

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Sobre o livro: https://g.co/kgs/U2zCRV

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