O livro “Sobre os ossos dos mortos” da nobelista polonesa Olga Tokarczuk é um texto fácil de ler e sobre o qual é muito difícil escrever: revelar sua maior qualidade para uma lista #LeiaMulheres seria um spoiller irreparável. Dessa forma, omitirei o fundamental, mas, mesmo assim, há muito a dizer. Como romance policial, a história é ótima, viciante, intrigante. Como crítica social, é excelente, cria uma intrincada rede de violências e perversões que conecta diferentes autoridades locais. Como abordagem da condição feminina é muito significativa ao tratar da solidão e do envelhecimento de Janina, uma protagonista incomum, cheia de fragilidades. Eu me conectei muito com Janina, seu sentimento de desolação com a violência ao redor. Seria uma história difícil de ler sem o talento de Olga Tokarczuk.
Eu gostei muito do livro, mas, ao participar de uma roda discussão de “Sobre os ossos dos mortos”, percebi que muitas participantes (éramos todas mulheres) acharam Janina muito improvável. A experiência de ver percepções tão díspares sobre uma personagem me surpreendeu, considerando ser, Janina, uma versão que considero sim provável para a mulher que serei (se chegar lá) em meus 70 anos. “Sobre os ossos dos mortos” traz um lado pouco tratado da condição feminina e, ao ser diferente, é fundamental para pensarmos as tantas formas possíveis de ser mulher. Assim, #LeiaMulheres, Leia #OlgaTokarczuk
Sobre o livro: https://g.co/kgs/Y4kjoD
