É muito difícil falar de “O Pintassilgo” de Donna Tartt. Acabo de ler a última página e estou muito impactada. Por outro lado, não falar seria perder o momento e, talvez, deixar de compartilhar um encantamento muito especial com uma leitura.
Descrições em mínimos detalhes e personagens com tendências auto-destrutivas são duas coisas que evito em minhas leituras, ambas onipresentes nas mais de 700 páginas do livro. Mesmo com isso, confesso que acompanhei a história com interesse do início ao fim.
Eu não sei se você sentiria o que senti ao ler “O Pintassilgo”. A verdade é que o livro trata de temas muito sensíveis para mim: o vazio do luto de uma morte repentina, acidental; as amizades, que se definem como eixo de uma vida intolerável sem elas; a arte como ponte para uma dimensão paralela de múltiplos sentidos.
A única informação objetiva que posso compartilhar para recomendar a leitura é que:
– o início e o meio são capazes de nos capturar por uma construção magistral de personagens: boas figuras humanas (que em alguns casos possuem um talento especial para o crime); e um protagonista que passamos a conhecer, mais por sua interação com aqueles que ele ama do que por uma descrição direta dele mesmo. Aspecto esse que, particularmente, muito me comoveu.
– o fim da história, curto comparado com o restante do livro, é cheio de profundos significados sobre a arte, mas, principalmente, sobre a vida.
Em síntese, o Pintassilgo é um livro sobre crises e afetos, com o melhor final de todos os tempos.
Muitas vezes chorei lendo a história. Mas, pela primeira vez, termino de um livro sentindo o coração bater mais forte.
