“A sociedade literária e a torta de casca de batatas” é um livro de título estranho, mas que conta uma história indescritivelmente apaixonante.
O livro tem trechos muito tristes quando trata da ocupação alemã nas Ilhas Canal durante a Segunda Gerra. Eu, muito ignorante, nem sabia que alguma parte do território inglês havia sido ocupada pelos alemães, mas foi. Essa parte não é fácil de ler, como qualquer texto que trate sobre os abusos nazistas. Todavia, até para quem for buscar o livro só por alguns momentos de prazer, encontrará uma história muito leve, divertida e bem escrita.
Uma das autoras, Mary Ann Shaffer, foi bibliotecária. Na parte inicial do livro dá pra ver algumas marcas do ofício.
Na página 19 está escrito:
“Talvez haja algum instinto secreto nos livros que os leve a seus leitores perfeitos. Se isso fosse verdade, seria encantador.”
Como professora da disciplina de desenvolvimento de coleções, sei que esse instinto secreto não existe, mas o acervo bem colecionado pode sugerir ao leitor que ele seja verdadeiro.
“[Frequento a livraria há anos] e sempre encontro o livro que queria – e mais três que eu não sabia que queria.”
Qual é o bibliotecário que não gostaria de escutar essa frase de seus usuários?
Por outro lado, a formação do acervo é importante, mas não prescinde do trabalho de formação de leitores. Os bibliotecários não podem esquecer de seu papel na disseminação do hábito de ler. O investimento no trabalho árduo para que existam cada vez mais pessoas que digam:
“É isso que amo na leitura: uma pequena coisa o interessa num livro, e essa pequena coisa o leva a outro livro, e um pedacinho que você lê o leva a um terceiro. Isso vai em progressão geométrica – sem nenhuma finalidade em vista, e unicamente por prazer.” (p. 20)
Isso sim é encantador!
Referência
SHAFFER, M. A.; BARROWS, A. A sociedade literária e a torta de casca de batata. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.

Fiquei interessada. Vai para a lista de livros a serem lidos nas férias. abraço.
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