A publicação de algumas das cartas de Simone de Beauvoir nos auxiliam a compreender como era sua rotina e como eram suas relações mais próximas. No Brasil, temos a publicação da correspondência dela para Nelson Algren, um escritor americano que foi seu amante por muitos anos. Neste livro, vemos que ela tinha uma rotina pesada de leituras e escrita, vemos sua personalidade apaixonada por seu trabalho e por seus amantes e o papel da boemia em sua vida.
Apaixonada por Algren, Simone disse: “Uma vez você me perguntou se eu era do tipo mulher infantil ou do tipo mulher razoável. Não creio que eu seja pueril, mas estou certa de não ser muito razoável. Uma mulher razoável não sentiria tão aflitivamente a sua falta.”
O grande amor de Simone estava em Chicago, mas seu projeto transcendente estava em Paris. Na carta 33, ela escreveu: “poderia abandonar meus amigos e deixar as doçuras de Paris para ficar para sempre com você, mas não poderia viver unicamente de felicidade e de amor, não poderia renunciar a escrever e a trabalhar no único lugar do mundo onde meus livros e meu trabalho têm um sentido.”
Irene Frain escreveu uma biografia romanceada chamada “Beauvoir Apaixonada”. Sobre o livro, há uma resenha intitulada “A Traição Consentida de Simone”. O estranho título da resenha é acompanhado da seguinte descrição da filósofa:
“Uma mulher pedante, preocupada com esmaltes e batons, apavorada com o envelhecimento e ciumenta (…) – assim é pintada a musa do existencialismo (…). O retrato surpreende porque publicamente Simone sempre se mostrou uma feminista e escreveu uma das bíblias do feminismo, ‘O Segundo Sexo’.”
Ressalva: Simone não tinha apenas um discurso público feminista, ela desenvolveu um projeto e deixou uma vasta obra que contribuiu significativamente para o desenvolvimento do feminismo. Não existe interesse por esmalte que anule seu valor como feminista. Assim, retornamos à Beauvoir: “O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos”.
Faltam 10 dias para o nosso lendo juntas “Nós mulheres” de Rosa Montero no El Pesto sobre #SimonedeBeauvoir!
#vemserrendeira



